Miquéias é um dos exemplos mais nítidos do ministério profético no Antigo Testamento. Seu livro apresenta mensagens duras de repreensão entrelaçadas à lampejos de esperança.
Apesar de originário do reino do sul, as profecias de Miquéias apontam também para o reino do Norte, Israel. Aliás, esta é a tônica da mensagem em todo o livro: o pecado estava ao ponto de levar Israel à destruição pelas mão dos assírios, e não muito tempo depois, Judá também cairia, se não se convertesse de fato ao Senhor. Há quem acredite que Miqueias começou a pregar antes da queda de Samaria, e que acompanhou todo o processo de destruição da nação vizinha. Por isso, podia falar com propriedade à Judá, usando como exemplo o reino de Israel, que já estava cativo.

Miqueias, além de pregar na mesma época de Oseias e Amós, também foi contemporâneo de Isaías. Enquanto Miqueias profetizava entre o povo, Isaías (que aliás era primo do rei Uzias) profetizava no palácio. No entanto ambos apresentam uma incisiva mensagem contra o pecado de Judá. Os capítulos 2 e 3 de Miqueias, por exemplo, mostram a decepção de Deus com Judá de maneira impetuosa, ao mesmo tempo em que são capítulos atualíssimos, já que falam de corrupção e opressão política e econômica, temas ainda tão presentes em nosso tempo!
Apesar da dureza de palavras de Miqueias, suas profecias entrelaçam-se à misericórdia divina. Aliás, este é um aspecto sempre presente na relação entre Deus e seu povo: sempre que o arrependimento se manifestar, a misericórdia do Senhor se apresentará e suas promessas ganharão destaque. Ao que tudo indica, parte das palavras de Miqueias e dos profetas de sua ápoca foram ouvidas, pois Judá foi preservado da destruição por mais algumas décadas. No entanto, quando deixaram de obedecer ao Senhor, abraçando novamente a um sistema religioso vazio, o pecado os levou ao cativeiro. Deus nos guarde de nos esquecermos dele e usarmos nossas práticas religiosas para nos escondermos de nossa própria consciência!
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