segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O que preocupava Jesus?

No capítulo 17 de João Jesus está orando por seus e discípulos e por sua Igreja, que iniciaria sua atividade algumas semanas depois. Na ocasião, Jesus estava prestes a encerrar seu ministério  na terra. A missão de Cristo ao tomar forma humana estava chegando ao seu ponto mais alto: a cruz. Nos capítulos seguintes acompanhamos toda a agonia, sofrimento e certeza do Mestre ao enfrentar a morte. Antes porém  encontramos Jesus orando.

Quando oramos, apresentamos a Deus os anseios de nossa alma. A orientação bíblica é que as nossas preocupações sejam expostas diante do Senhor quando conversamos com ele. A oração sincera tem o poder de trazer à tona, não apenas para Deus mas para nós mesmos, os nossos sentimentos mais íntimos.  Na oração franca falamos daquilo com o qual nos importamos e do qual nos preocupamos.

O livro de Salmos é o exemplo máximo da exposição de preocupações na oração, nele vemos súplicas desesperadas, corações agradecidos, santos em dúvidas frenéticas, mentes incompreendidas, guerreiros acuados... enfim, os Salmos trazem à superfície o que estava no mar do coração do escritor. Para sentir isto, faça um teste: leia a história de Davi em I e II Samuel, e depois aprecie os Salmos escritos por ele. Você conhecerá duas dimensões do rei de Israel: sua projeção diante de outras pessoas, e as nuances de seu coração.

Voltando a falar do capítulo 17 de João...

O registro da oração sacerdotal de Jesus, como é conhecido este capítulo, nos permite acompanhar quais eram as coisas com as quais Cristo se preocupava apenas algumas horas antes de sua morte e ressurreição. Além desta oração, temos também os registros de Mateus e Marcos sobre a angústia pessoal de Cristo no Getsemani, onde expõe ao Pai sua agonia.

No entanto, em João 17 é possível conhecer um pouco mais do que se passava no coração de Jesus. É possível conhecer algumas de suas preocupações neste momento ímpar.

Primeiramente, o Mestre demonstra um sentimento de "dever cumprido" em seu ministério, quando usa expressões como: dei-lhes a tua palavra; manifestei teu nome aos homens; eles creram que tu me enviaste; nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição....

No entanto,o mais interessante é  percebemos que o coração de Jesus estava em seus discípulos e em sua futura Igreja. A preocupação de Cristo é com a forma como seus seguidores se relacionariam entre si e como se relacionariam com ele dali para frente. O versículo 21 expressa isto de maneira muito clara: "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste"

Perceba: Jesus entende que, para que sua missão seja eficazmente completa, os discípulos deveriam formar uma unidade. Assim, como na primeira parte da oração ele demonstra ter cumprido fielmente sua missão, pede agora ao pai que a Igreja também consiga. E isto só acontecerá quando seus seguidores formarem um único organismo por intermédio de uma unidade de propósitos.

Jesus usa como referência de unidade a sua própria ligação com o pai: não é possível separar os membros da Trindade. Não é possível imaginar o Pai, o Filho ou o Espírito Santo trabalhando de forma independente. Os três são um. Estão unidos de uma maneira tão estreita que normalmente temos dificuldade de explicar o conceito de Trindade.

Eis a preocupação de Jesus em João 17: que seus seguidores estejam unidos entre si e com ele próprio da maneira mais estreita possível, tendo como referência o tipo de ligação que existe entre os membros da Trindade. Só assim o mundo crerá na obra redentora de Cristo.

O que nos entristece é perceber que , na maioria dos casos, as nossas maiores preocupações como cristãos hoje são tão diferentes das preocupações que moveram o coração de Cristo...



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