sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A suprema aspiração do crente (Série Filipenses na Escola Dominical) - Fl 3.12-16

Se pedíssemos a um artista atual que desenhasse em uma figura simbólica o que representa “o cristão” – que imagem o artista escolheria? Que impressão tem ele da “essência” dos cristãos de hoje? Talvez ele desenharia o “ouvinte” ou uma mulher que sentada de mãos postas diante de uma Bíblia aberta.
Dificilmente ele lembraria uma imagem que para Paulo na verdade era a imagem apropriada de um “cristão”: a imagem de um desportista no estádio! O próprio Paulo se via nessa imagem. Qualquer interpretação e aproveitamento do presente trecho, portanto, precisa acontecer de tal maneira que essa imagem do cristão fique explícita. (Werner de Boor)

No trecho que estudaremos esta semana o apóstolo Paulo está falando sobre motivação cristã. Na realidade ele está dando continuidade à ideia que começou a desenvolver nos versículos anteriores, quando falava da motivação dos maus obreiros, que eram impelidos pelo desejo de reconhecimento pessoal e inspirados por uma religiosidade vã.

Depois de falar sobre as motivações inúteis dos judaizantes, Paulo fala da verdadeira motivação, daquilo que o inspirava a prosseguir, e que deve ser o alvo último da vida de cada cristão.

Duas expressões podem sintetizar a ideia deste texto. A primeira delas é "conhecer a Cristo, como dele sou conhecido". Por mais que a salvação já esteja garantida para aqueles que aceitaram a oferta gratuita de Cristo na cruz, há uma dimensão da vida cristã que consiste em aproximar-se de Deus e tornar-se cada dia mais íntimo de sua presença. Significa caminhar com ele, fazê-lo participante  de cada um dos departamentos da nossa vida. Como reiterado por Myer Pearlman no comentário de nossa lição, conhecer a Cristo não significa apenas saber quem ele é, mas ter uma relação de proximidade com ele, significa ter histórico de convivência com o Criador.

Há pessoas que estão juntas todos os dias e não se conhecem de fato. Há pessoas casadas que não sabem muito a respeito de seu cônjuge! Há também cristãos que não sabem muita coisa a respeito de seu Deus, embora possam ter um conhecimento teórico muito grande da teologia cristã.

Paulo sabia que nunca iria conhecer a Cristo tão bem quanto Cristo o conhecia (lembre-se que a primeira vez que Paulo teve contato com Cristo, no caminho de Damasco, Jesus já tinha a "ficha completa" dele e revelou conhecer detalhes que nem o próprio Paulo conhecia). Para este propósito, utilizava a mesma força que anteriormente usara para perseguir aos cristãos. Ele empenhava todas as suas forças não para se tornar um religioso exemplar, mas para conhecer a Cristo: eis o maior triunfo da vida cristã!

Para tanto, a exemplo do corredor em um estádio, o apóstolo não olhava para trás, mas seguia para o alvo. Assim, compreendemos que é possível perder-se no meio da caminhada cristã quando focamos algo que não é Cristo. Eis a preocupação de Paulo com relação aos filipenses: de que eles fossem "engolidos" por preocupações que os afastassem de Cristo (no capítulo 4 o tema aparecerá de novo, quando a carta tratará do tema ansiedade).

A segunda expressão central no texto é "o prêmio da soberana vocação". Se conhecer a Cristo é o supremo alvo do cristão e o maior privilégio que se pode ter em vida, o que se dirá de ser semelhante a Cristo?! O prêmio da soberana vocação é ser participante da mesma natureza que o próprio Cristo. É ter um corpo glorificado, como ele tem:

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é.
Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
(1 Jo 3.2-3)

Que alimentemos esta esperança! 

Veja também: 

Referências: 
BOOR, Werner de. Carta aos efésios, filipenses e colossenses: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Espernça, 2006.
PEARLMAN, Myer. Epistolas paulinas. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário