Chegamos ao terceiro capitulo de filipenses! Neste ponto aparece que Paulo estava pronto para concluir a carta quando escreve: "Finalmente irmãos, alegrai-vos no Senhor!"
No entanto, parece que ele se lembra de algo, ou alguma circunstância específica que lhe aconteceu enquanto elaborava a carta lhe faz escrever mais algumas linhas (Epafrodito teria lhe informado de alguma situação específica que o preocupava em Filipos? Paulo teria se lembrando do problema que já estava acontecendo em outras igrejas e decide incluir o assunto na carta antes de concluí-la? Estas são apenas algumas especulações). De fato, o assunto não poderia ficar de fora: trata-se do problema causado pelos maus obreiros.
Em suma, Paulo está fazendo referência àqueles que de uma forma legalista queriam colocar sobre os filipenses um fardo pesado demais para carregar, dizendo que o cristão, para efetivamente agradar a Deus deveria guardar todos os mandamentos da lei.
O problema dos que assim pregavam não era apenas o fato de compreenderem equivocadamente a relação entre a lei e a graça, mas também de se julgarem superiores aos demais pelo fato de serem fiéis guardadores da lei. Por isso, Paulo os chama de "cães", uma referência aos aproveitadores da fé alheia (note que na época o cão não era um animal domesticado como é hoje, ele efetivamente não era o "amigo do homem"). Paulo entendia que para tais pessoas o orgulho de ser judeu e assim ter "autoridade" para doutrinar os demais era seu maior triunfo.
Assim, Paulo fala um pouco de si mesmo (não para se vangloriar, mas para apresentar um pouco de sua experiência pessoal sobre o assunto). O apóstolo mostra que, se fosse seguir a lógica destes maus obreiros, teria motivo de sobra para vangloriar-se: era um judeu legítimo, e não um prosélito convertido ao judaísmo, tinha condições de dizer de qual tribo pertencia (no caso, da tribo de Benjamim, de onde veio o primeiro rei de Israel, Saul, cujo nome "Saulo" faz referência em forma de homenagem), tinha sido não apenas fariseu, mas um dos melhores de sua época, já que foi discípulo de Gamaliel, uma dos rabinos que marcou sua época. Enfim, quando se tratava de judaísmo, Paulo tinha credenciais que poucos judeus teriam (será que os judaizantes que Paulo critica aqui teriam credenciais semelhantes?). No entanto, em determinado momento da vida Paulo encontrou algo mais importante do que tudo que já tinha conquistado em sua carreira religiosa: Cristo.
Para ter a Cristo Paulo teve que abrir mão de todo o seu passado como fariseu, todo o prestígio que tinha conquistado como rabino, todos os benefícios acumulados pela sua singular história, simplesmente para ser considerado um dos seguidores de Cristo e para ser identificado como um dos seus filhos. De fato, não foi nada fácil para Paulo desfazer-se de sua condição destacada no judaísmo. Ele teve que anular-se completamente em sua carreira religiosa e ser visto como um inimigo, de perseguidor virara perseguido, de cima do cavalo no caminho para Damasco sair escondido dentro de um cesto na mesma cidade.
Sim, Paulo teve que deixar tudo para seguir a Cristo, e agora, preso em Roma chegou à conclusão de que tudo valeu a pena e de que todas aquelas coisas que tanto valorizou no passado, embora tenham sido úteis para fazê-lo conhecer a Cristo, não lhe faziam mais falta alguma!
Sem dúvida, qualquer um dos judaizantes que poderiam trazer problemas para os filipenses "daria de tudo" para alcançar a posição que Paulo tinha no passado quando era fariseu. No entanto, quando conheceu a Cristo, Paulo percebeu que todas aquelas coisas nada representavam quando comparadas ao privilégio de pertencer a Cristo, tema que será desenvolvido no comentário da próxima semana.
Assim, concordo com o título da lição da CPAD desta semana, de que os conselhos de Paulo são atuais. Sim, são atualíssimos! Ainda hoje existem líderes religiosos que batalham para fazer prevalecer seu poder e para mostrarem-se melhores do que os outros por supostamente terem alguma vantagem diante de Deus, como se algo os diferenciasse diante do olhar do Altíssimo.
No entanto, na presença de Deus todos estamos "desarmados", dependendo única e exclusivamente de sua graça para poder chegar até Cristo e conhecê-lo. Paulo aprendeu isto e se admirava de ver pessoas empenhando suas vidas em algo efêmero, mas que se revestia do manto de religiosidade.
Para encerrar meu comentário, lembro-me da parábola contada por Jesus sobre a pérola de grande valor. Para tê-la o sujeito teve que se desfazer de tudo, e acabou desfrutando do melhor tesouro que poderia ter. Que aprendamos com o Mestre:
"O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas.Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou". (Mt 13.45-46)
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