Eugene Petersen faz uma analogia bem interessante sobre os cinco primeiros livros da Bíblia: em Gênesis Israel está sendo concebido, em Êxodo vemos seu nascimento e primeira infância, Levítico é o período da educação, enquanto Números é a sua adolescência, apenas em Deuterônomio é possível ver Israel já adulto.
Assim, em Êxodo acompanhamos a formação do povo de Israel. Um povo que nasce já trazendo preocupação ao maior império da época e por conta disso já nasce escravo. Em Êxodo vemos como este grupo de escravos, unidos pela força da tradição e das promessas divinas feitas a seus antepassados torna-se efetivamente uma nação, com suas próprias leis e com seu próprio território (embora este território só viesse ser alcançado durante a liderança de Josué, após a longínqua peregrinação na deserto).
Compreender a origem e o nascimento da nação de Israel é fundamental para termos o pano de fundo sob o qual nascem as promessas de salvação da humanidade. Em resumo: Deus planejou salvar a humanidade, para tanto criou uma nação a partir de um único homem (Abraão). Esta nação foi agraciada com a missão de trazer ao mundo o salvador de toda a humanidade. Assim, conhecer a história de Israel significa conhecer todo o ambiente histórico, cultural e religioso em que o Cristo nasceria séculos depois. É como acompanhar passo a passo alguém que será o portador de uma dádiva que beneficiará a todos (embora na época de Cristo, Israel não tivesse esta consciência, mas isto é assunto para outra postagem...)
Pois bem, em Êxodo surge um personagem fundamental para a história de Israel e que se tornará uma referência para os judeus: trata-se de Moisés, responsável por conduzir o povo em seu período de formação no deserto.
Em apenas 10 versículos (Ex 2.1-10) a infância de Moisés é narrada, em uma das mais belas do Antigo Testamento. Sob a iminência de ver seu recém nascido filho morto pela guarda de faraó, Joquebede decide colocar seu filho em um cesto de juncos.O cesto acaba sendo encontrado pela filha de faraó, que decide criar o menino como seu próprio filho. No entanto, acaba designando para a função de cuidar dele Joquebede, evidentemente sem saber que esta era a mãe do menino.

Êxodo mostra a atuação divina de maneira evidente em momentos como a travessia do Mar Vermelho (que estudaremos na lição 5), mas também mostra a sua atuação de maneiras mais simples, mas que igualmente indica sua preocupação para com seu povo. Lembro-me de um detalhe destacado por Philip Yancey em um de seus textos: Êxodo preocupa-se em citar o nome das duas parteiras hebreias no capítulo 1 (Sifrá e Puá - Ex 1.15), mas não se preocupa em registrar o nome do faraó que governava o Egito na época. Assim, Êxodo permite-nos pensar sobre qual é a perspectiva de Deus ao olhar para a história da humanidade.
Abraço a todos e todas.
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