sábado, 22 de dezembro de 2012

Zacarias: o reinado messiânico (Série Profetas Menores na Escola Dominical)

O livro de Zacarias a princípio nos assusta. Diferente dos outros dez profetas menores estudados até agora, boa parte de suas profecias surge sob a forma de visão. Desta forma, a linguagem simbólica é essencial para compreendermos seu conteúdo. Conhecer o contexto histórico de Zacarias nos ajuda a exterminar o receio de nos aproximarmos deste livro, que considero fascinante!

O contexto de Zacarias é o mesmo do profeta Ageu (estudado semana passada), um período de muitas interrogações e incertezas para os judeus que aos poucos instalavam-se em sua terra após os 70 anos de cativeiro babilônico.

Apesar do fim do cativeiro babilônico, os judeus não voltaram a ser uma nação independente, já que estavam agora debaixo do governo persa, que apesar de mais tolerante quanto à liberdade religiosa dos povos dominados, não deixava de ser um império opressor. Assim, as dúvidas ainda prevaleciam: será que a  punição divina havia terminado? Será que os persas continuariam a ser benevolentes? Valia a pena reerguer o templo? Deus estaria com o povo novamente?

Além da resposta de Ageu ao desânimo do povo, o profeta Zacarias também dedica seu ministério ao incentivo quanto à reconstrução do templo, bem como à reorganização do sistema religioso judaico.

O livro de Zacarias é dividido em duas partes. A primeira delas compreende os capítulos de 1 a 8 e consiste em uma série de oito visões sobre o restabelecimento do povo de Deus em sua terra.

As visões apresentam símbolos que vivificam a mensagem de Zacarias. Vou citar como exemplo a segunda visão (cap. 1.18-21), em que o profeta se vê diante de quatro chifres e quatro ferreiros. O próprio texto apresenta a interpretação: os chifres (como normalmente acontece no Antigo Testamento) simbolizam força e poder. Assim, os quatro chifres simbolizam os impérios que até aquele momento "atrapalharam" a vida de Israel. No entanto, os quatro chifres seriam "amedrontados" pelos quatro ferreiros. Ou seja, de uma forma simples Deus diz ao povo que não deveriam mais temer as nações estrangeiras.

Josué e Zorobabel, líderes nativos do povo, são personagens fundamentais nas visões de Zacarias. Na quinta visão isto é evidente, já que ali os dois personagens são representados por duas oliveiras entre um candelabro de ouro (cap 4). Caso surgisse alguma dúvida quanto à aprovação de Deus ao sumo sacerdote Josué, a comovente visão de sua purificação (cap 3) apresenta a preocupação divina neste ponto. Vale a pena lembrar que no final do livro de Ageu Zorobabel é apresentado como o anel de selar de Deus (veja a postagem sobre Ageu)

Na segunda parte do livro de Zacarias (capítulos de 9 a 14), as referências à Zorobabel e Josué não são tão frequentes. No entanto, tais capítulos estendem as promessas divinas para um período futuro em que um descendente de Davi estabeleceria o reino divino de maneira plena, exterminando os dissabores da nação israelita. O livro está "recheado" de profecias aplicadas ao futuro ministério do Senhor Jesus Cristo: sua entrada triunfal em Jerusalém (Zc 9.9 --> Mt 21.5); as trinta moedas da traição (Zc 11.12-13 --> Mt 26.14-16); a fuga dos discípulos (Zc. 13.7 --> Mt 26.31); seu lado traspassado (Zc 12.10 --> Jo 19.34-37; Ap 1.7), dentre outras*.

Outra característica da segunda parte de Zacarias é a constante crítica aos pastores infiéis de Jerusalém. Assim, a mensagem de consolo ao povo é evidente: ainda que os futuros líderes falhassem, a fidelidade divina permaneceria e o Messias surgiria, aniquilando os poderes do mal e estabelecendo seu reino de glória e poder. Posteriormente, o Messias nos ensinaria que, antes de nos preocuparmos com suas dimensões políticas, devemos entender que tal reino começa dentro de nossos corações... este é um assunto para postagens futuras.

Abraço a todos e todas e boa aula!


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