O livro do profeta Joel é bastante conhecido por suas referências ao
derramamento do Espírito Santo, o que de fato aconteceu a partir do Dia de
Pentecoste. O capítulo 2 de Joel, inclusive, foi o texto-chave utilizado por
Pedro durante a primeira pregação pública da História da Igreja. Na ocasião,
Pedro soube identificar de imediato o cumprimento das profecias de Joel no
evento que estava observando e participando.
No entanto, antes de chegar às felizes promessas do capítulo 2, Joel
traz uma dura repreensão à seus leitores. Embora haja discordâncias quanto ao
período exato do ministério de Joel, há certeza quanto ao fato dele ter
profetizado ao reino do sul, o reino de Judá. Boa parte dos intérpretes no
Antigo Testamento identificam seu ministério durante o reinado de Joás, que
sucedeu o desastrado reinado de Atalia, parente do idólatra Acabe do reino do
Norte (o mesmo que chamou Elias de perturbador de Israel).
Durante o ministério de Joel, Judá enfrentava uma crise sem precedentes
ocasionada por uma catástrofe: um enxame de gafanhotos havia devastado os campos de toda a nação. Joel liga
tal calamidade à ação de Deus, no sentido de chamar a atenção de seu
povo.
Perceba: diferente de outros profetas menores, Joel não está advertindo
o povo quanto às consequências do pecado. No seu caso, as consequências já
tinham se manifestado e arrasado toda a nação. Assim, sua mensagem não mostra o
que fazer para evitar o pecado, mas o que fazer depois que ele já mostrou suas
garras e deixou sua dolorida marca. Assim, enquanto o capítulo um aponta para
tais marcas, o capítulo dois mostra como a nação conseguiria "acertar seus
ponteiros": o arrependimento sincero é o primeiro passo (cap 2.12-17), a
partir de então, com um coração arrependido a nação poderia esperar pela
restauração de sua terra (cap. 2.18-27) e então depositar sua esperança no dia
em que Deus derramaria de Seu Espírito sobre toda a carne (cap. 2-28ss) e
também no "dia do Senhor", quando Deus julgará toda iniquidade de
seus inimigos (cap. 3)
Empobrecem o belo texto de Joel aqueles que associam as pragas de
gafanhotos do 1º capítulo à demônios responsáveis por atuar na vida financeira
dos crentes. O texto é muito mais rico e está falando de fidelidade entre Deus
e seu povo e sobre as consequências ao ato de abandonar a proteção do Senhor.
Embora as consequências para Judá tenham sido econômicas (já que campos
destruídos arrasariam toda sustentação econômica de uma nação agrícola e
pastoril, como era Judá), o foco está no que isto representava para a relação
entre Deus e seu povo, e como isto se projetaria nas esperanças futuras da
nação.
Creio que a principal lição que Joel nos deixa é: "como nós, que já
recebemos o Espírito Santo, tal qual anunciado no Pentecostes, lidamos com as
situações em que o pecado nos leva para longe de Deus?"
Um abraço a todos e todas e uma boa aula na Escola
Dominical!
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