Assim, nada mais justo do que ir ao livro de Gênesis para iniciar um estudo sistemático sobre a perspectiva bíblica de família.

Nota-se que a família surgiu com o objetivo de suprir uma necessidade afetiva do homem. A expressão "não é bom que o homem esteja só" mostra que o ser humano só conseguirá desenvolver-se satisfatoriamente quando tiver "alguém que lhe corresponda". Penso que tal expressão pode ser aplicada não apenas à relação homem-mulher mas também às relações familiares e sociais como um todo, e a família é preferencialmente a primeira experiência social de qualquer ser humano.
O livro de Gênesis não fala apenas da origem da família, mas dedica mais da metade de seu conteúdo à historia de uma família em particular. De fato, entre os capítulos 1 e 11 do Gênesis ficamos fascinados com temas de amplitude universal como um grande diluvio e a dispersão dos povos com a confusão de Babel, sem contar o estrago que o pecado causou na raça humana, tão densamente descrito nos primeiros capítulos.
No entanto, a partir de Gn 12 uma lupa é acionada e somos levados a acompanhar o desenvolvimento de apenas uma família em particular, a (complicada) família de Abraão, cuja narrativa que percorre estágios de alegrias e dramas até o fim do livro.
O leitor atento do Gênesis perguntará: por que o livro deixa de falar de assuntos universalmente abrangentes e se dedica a descrever as intrigas e esperanças de um patriarca, seus filhos, netos e bisnetos? A resposta é simples: o plano universal de Deus para a salvação da humanidade se desenvolve a partir de uma família, com todas as suas limitações e possibilidades.
Creio que só este este exemplo já é suficiente para mostrar o lugar de importância da família na história bíblica e consequentemente na historia da salvação.
Comprovaremos isto nas próximas semanas...