A partir de então não vemos mais repreensões contra a idolatria, até porque o cativeiro "curou" Israel deste mal (vale a pena lembrar que agora o antigo reino do sul, Judá, que foi para o cativeiro babilônico e após 70 anos regressou para sua terra voltou a ser chamado de "Israel").
Diferente dos babilônicos, os persas, que agora dominavam os israelitas, eram bastante tolerantes em relação ao sistema religioso dos povos dominados, tanto é que Ciro, rei dos persas, incentivou o retorno dos exilados e a reconstrução do templo em Jerusalém.
Os problemas pelos quais Israel passava na época de Ageu são diferentes daqueles vistos pelos profetas que o sucederam .Ao se restabelecerem em sua terra os judeus tinham o difícil desafio de redefinir sua identidade, começando "do zero" não apenas a construção do templo, mas todo o sistema religioso em torno dele.
O primeiro grupo de judeus que voltou à Jerusalém reiniciou a construção do templo, no entanto, as obras foram paralisadas ainda em seu início, já que o entendimento geral era que o novo templo jamais seria como o majestoso e glorioso templo de Salomão destruído pelos babilônicos. Assim, preferiu-se dar prioridade à reforma das casas dos judeus que retornavam.
A mensagem de Ageu vai de encontro a este sentimento de desânimo frente ao desafio do recomeço. Para os judeus que conheceram o antigo templo de Salomão, não era nada fácil começar a construir um novo templo:
‘Quem de vocês viu este templo em seu primeiro esplendor? Comparado com ele, não é como nada o que vocês vêem agora?
"Coragem, Zorobabel", declara o Senhor. "Coragem, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque. Coragem! Ao trabalho, ó povo da terra! ", declara o Senhor. "Porque eu estou com vocês", declara o Senhor dos Exércitos.
Esta é a aliança que fiz com vocês quando vocês saíram do Egito: "Meu espírito está entre vocês. Não tenham medo
(Ag 2.3-5 - NVI)
A promessa de Deus é clara: o Senhor estava disposto a ajudá-los desde que seus corações se dispusessem ao trabalho da reconstrução. Quanto às comparações com o antigo templo, que provocavam o sentimento de letargia no povo, Deus propõe uma nova comparação, desta vez surpreendente, que tornou-se no mais conhecido versículo de Ageu: "A glória da segunda casa [ou seja, do novo templo], será maior que a da primeira [ou seja, do majestoso templo de Salomão]" - Ag 2.9.
Quanto à Zorobabel, líder judeu, Deus faz uma promessa particular: "eis que te farei como um anel de selar" (Ag 2.23). Zorobabel era descendente de Davi, portanto herdeiro do trono de Israel caso a nação se torna-se novamente independente (como era na época de Davi e Salomão). Assim, ao mostrar sua preocupação com Zorobabel e apontá-lo como um agente executor de sua vontade, Deus estava mostrando sua fidelidade para com as promessas feitas à linhagem de Davi, que apontavam para o Messias restaurador: o Cristo.
Assim, o livro de Ageu lança luz sobre os momentos em que o recomeço após um período de dor parece impossível e quando o futuro apresenta-se incerto. Nestes momentos a esperança nascida das promessas divinas deve ser combustível para a recuperação do ânimo perdido.
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