No último domingo em nossa Escola Dominical, um de nossos professores, Pr. Nelson Rodrigues, fez uma observação bastante significativa a respeito do estudo das cartas de Paulo. Ele disse que ao estudarmos a lição da EBD é necessário entender que o texto bíblico poderá ter quatro interpretações diferentes: a que Paulo tinha em mente quando escrevia, a do comentarista da revista de EBD, a do professor que prepara a aula, e a do aluno que participará da aula. Ou seja, para compreendermos o texto é preciso antes de tudo tentarmos nos colocar no lugar de Paulo e imaginar seu objetivo em escrever a carta, depois tentarmos imaginar a reação dos filipenses ao recebê-la e então pensarmos na forma como temos lido este texto na atualidade.

Na realidade, a alegria de Paulo não está no valor monetário em si da oferta recebida, mas no fato de perceber que os filipenses haviam se lembrado e realmente se preocupado com ele, demonstrando assim um dos frutos da atuação da graça divina na comunidade.
Quanto à sua condição, Paulo afirma que já tinha aprendido a adaptar-se a qualquer circunstância, sabendo como agir tanto quando tinha em abundância, quanto nos períodos de escassez. Um detalhe importante nesta declaração é que o sentimento de contentamento pode ser aprendido, ou seja, não é inerente à nossa natureza, mas pode ser desenvolvido a partir das nossas experiências diárias. Neste momento da argumentação de Paulo surge o famoso versículo: "tudo posso naquele que me fortalece"
Muito mais que uma frase triunfalista muitas vezes usada para tentar justificar biblicamente nossos projetos pessoais, a frase "tudo posso naquele me fortalece" aponta para a total dependência divina em qualquer tipo de circunstância da vida.
Enfim, o texto de hoje mostra a relação entre um líder religioso, uma comunidade de fiéis e o dinheiro. No entanto, nesta relação o dinheiro não ocupa a posição principal, pelo contrário, torna-se uma das expressões da confiança e da cuidado mútuo entre o líder e suas ovelhas. Tal relação só é possível de ser alcançada por intermédio da aprendizagem contínua.
Sei que em uma sociedade consumista como a nossa uma das coisas mais difíceis para se aprender é a criação de vínculos como este, onde não há interesses egoístas envolvidos, mas apenas a preocupação com o outro. Mas, penso que se aprendemos a ser consumistas, também podemos aprender a ser altruístas. Sim, podemos! Tudo podemos naquele que nos fortalece!
Abraço a todos e todas
Referências:
McNAIR, S.E. A Bíblia Explicada. 4ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997